segunda-feira, 23 de abril de 2012

Varanda vaga-lume



Chovia da janela de velhos prédios no centro da cidade.
Chovia nos cabelos do homem que morava na rua.
Chovia no telhado das casas de praia.
Chovia nas notícias dos amigos.
Só não chovia em sua varanda.

Lá o céu restava nublado, com estrelas fortes.
A lua se escondia, mas deixava luz.
Pequenos pontos na esquina acendiam e apagavam,
como vaga-lumes que insistiam em piscar.
E nada de orvalhos nas plantas da varanda.

Esperou, esperou e respirou.
Fechou os olhos, fundo e devagar.
Quando os abriu, junto do corpo
Sentiu por dentro, gotas em silêncio.
Era seu peito em dilúvio, naquela varanda seca.

Deixou-se molhar até amanhecer.