domingo, 26 de abril de 2009

Céu imenso


Os olhos marejados e a vista trepidante de um fim de noite anestésico.
Após longas e fartas risadas com pessoas inestimáveis, a busca por algo que faça sua alma rir no compasso do corpo. Embriaguez fortuita que o faz pensar no que a vida o tirou e por sorte trará novo caminho.
Mãos com punhos cerrados ressetados para cima, alvo de céu imenso. Olhos apertados entre abraços que podem agora ser recebidos até o último gole, gota intensa.
E no caminho de pedras disformes, marca-se o caminho indolor, mas incômodo, das paixões não correspondidas, do amor que circula manso ao redor das áureas de fumaça, presente em cada abertura de braços ou mãos estendidas.
Paixões que respondemos com cartas a nós mesmos, para apagar vazios, esfumaçar buracos que porventura ficaram nos quarteirões vermelhos.
Imagens de momentos intensos sobrevoam a cabeça, como urubus – aqui ressignificados - com sede de reviver instantes marcados, comer cada pedaço daquilo que trás arrepios, calor debaixo de chuva forte e acolhedora.
E tudo segue diferente, mas forte como sempre há se ser.

Suspiros semânticos


Subo em uma moto carregando aquele velho jarro de flores tortas e bonitas, perseguindo o fim daquela estrada curvilínea.
Horizonte bem longe,
desejo irreparável.
Procuro sem alcançar,
me realizo em procurar.

Passando por sertões e desertos com céus acrílicos azul piscina, olho pra janela do ônibus ao lado e vejo um semblante que me acolhe e um sorriso que me faz mais veloz que os 100 km/h que a moto me trás.
No compasso destemido,
Um suspiro maior que a estrada a percorrer;
De alívio,
Doce.
De Encantamento,
Limão.
Mudança para revitalizar.
Combustível no ar,
Do vazio à Vazão.

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Nas palavras deixo às claras meu encantamento por Abbas Kiarostami e Karim Ainouz.
Dois autores essenciais, que sempre re-visito, sendo que o último abracei quando esteve em nossa terra, antes também dele.

Do gosto de Cereja e Close-up ao Céu de Suely e Sertão Acrílico Azul Piscina.