sábado, 9 de janeiro de 2010

Quando as cegonhas voam



Aquela voz ao longe lhe ampara
És cegonha em pleno vôo
No bico enrola-o em panos macios
O azul que faz nascer aos dois

Golpe duro molda face-ferro
No corner gritos altos, inflamados
reverberam em suas costas
no ouvido, impulsão para a desforra

Do outro lado ninguém além
do vento grosso a rebater
num dançar sinuoso, lado ao outro,
balanço de parque se esquivando
atinge o próprio rosto

A mão fechada desnuda, rajada
é cabelo voando, olhos fechando
saliva seca, gosto de mar bravio
na noite em serenata.

Ansiedade no quarto, na sala
o lábio parado
no pára-peito do pulo
na ponta dos pés bailarinos

[...]

doce repentino;
abraço por trás, mãos ao coração
cabeça moldada às costas
Córneas em história sem fim


não existirão olhos fechados que apaguem
nem borrem, desloquem, manchem
as imagens que pintou em mim